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Climate Injustice and Social Movements: Latin America’s Chance

César Rodríguez Garavito writes about the failure of the Climate Change World Summit in Warsaw and on the upcoming meeting in Lima in 2014, that may be the last chance to save the Planet from catastrophe.

Fracassou a cúpula sobre mudança climática em Varsóvia. Não adiantaram os soluços nem a greve de fome do representante filipino. “É hora de acabar com esta loucura”, disse aos destemidos governantes do mundo, referindo-se ao aquecimento global que agravou o impacto do tufão Haiyan, que deixou sua família danificada.

Também não comoveu os delegados estatais a retirada massiva de mais de 800 ongs de todos os continentes, como forma de protesto pela falta de vontade política para chegar a um acordo que detenha o aquecimento antes de ultrapassar os limites que separa o grave do catastrófico (dois graus centígrados acima da temperatura prévia à revolução industrial).

Não foi afetado o consenso científico mundial, que acabava de sintetizar o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da onu. Talvez porque o que diz é difícil de digerir: ultrapassaremos o limite dos dois graus e chegaremos aos quatro; com isso, 50% das espécies do planeta não sobreviveriam e, para 2030, morreriam anualmente cerca de um milhão de pessoas.

Por isso a cúpula, que devia aplicar mecanismos de financiamento para emergências climáticas como a das Filipinas e esboçar um tratado que substituísse o de Kyoto quando expirar em 2015, acabou adiando as decisões até o próximo ano.

Mas nem tudo foi em vão. Em meio da acrimônia e da decepção de Varsóvia, saíram à luz duas realidades que podem dar um giro ao problema. A primeira é a evidência da injustiça climática: a constatação de que os países pobres, os que menos têm poluído, são ao mesmo tempo os que sofrem os efeitos mais graves do aquecimento global e os que têm menos recursos para enfrentá-lo. A ameaça de retirada de 133 delegações de países pobres serviu para denunciar o incumprimento dos países desenvolvidos, que se recusam a financiar um fundo de atendimento de desastres e adaptação aos efeitos do aquecimento global, prometido em cúpulas anteriores. Com a menção do tema no precário acordo final, a injustiça climática ficou instalada como um dos principais desafios morais e sociais deste século.

A outra novidade alentadora é que a sociedade civil está acordando. Na Polônia ficou claro que, sem pressão cidadã, os governos não chegarão a um pacto. Os países abastados como os eua, Japão e Canadá, que se negam a fixar limites a suas emissões de carbono, estão paralisados. E também os emergentes como a China, Índia e Brasil, que já são responsáveis por boa parte do aquecimento. E os menos ricos como a Colômbia, Equador ou Venezuela apostam seu futuro no carvão ou no petróleo.

Diante de tudo isso, os cidadãos estão tomando a iniciativa: os cientistas estão aparecendo nas câmeras e nas ruas para fazer soar o alarme com seus dados; os estudantes estão exigindo das universidades vender as ações que tenham em companhias de combustíveis fósseis; os ativistas de Greenpeace arriscam a vida para impedir que a Rússia comece a perfurar poços petroleiros no Ártico; as ongs ambientalistas, indígenas e de direitos humanos foram embora, mas prometeram voltar à cúpula no próximo ano.

O encontro é em Lima, em novembro de 2014; a última ocasião para chegar a um novo acordo que seria firmado em Paris em 2015. Por ser no Peru, é a oportunidade também para que a sociedade civil latino-americana assuma a liderança do movimento mundial contra a mudança climática. Teria que começar já.

Consulte la publicación original, aquí.

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